Panóplias é o título da proposta de Belén Uriel para a apresentação de O Armário Móvel no Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, em Évora. «Panóplias» é plural de «Panóplia», conjunto de elementos reais ou abstratos usados para uma finalidade comum. Na Idade Média, o termo era utilizado para designar as peças das armaduras dos cavaleiros europeus.

Neste contexto, O Armário transforma-se num enquadramento, um dispositivo expositivo, que reúne um grupo de peças de uma só família, ao modo de uma panóplia: capacetes de uso comum são escolhidos pela artista que, de forma recorrente, tem vindo a recolher inspiração para a sua prática artística em itens para proteção pessoal. A partir destes objetos Uriel cria esculturas em vidro, sugerindo, através da fragilidade e transparência das suas peças, a vulnerabilidade do corpo.

A relação entre objectos de uso comum e pessoas é central no processo que as suas esculturas convocam, recordando o texto de Appudarai ’A coisa em si`, de 2006. Nele se argumentou que os ‘objectos’ têm uma vida social, pelo que ‘pessoas’ e ‘objectos’ não são categorias distintas. As transações que rodeiam os ‘objectos’, encontram-se imbuídas de qualidades inerentes às relações sociais, fazendo com que estes sofram transformações. A conjugação de diversos capacetes (peças de vidro rígidas), de formas antropomórficas, remete para o corpo, que indiretamente as inspira.

Desprovido de portas e costas, O Armário actua aqui como uma moldura pronta a receber a composição pictórica, na qual se observam 4 capacetes: 3 suspensos e um pousado na base do Armário.  As suas formas,  com linhas e contornos arredondados, bem como o cromatismo vivo, entre âmbares, verdes e amarelos, remetem-nos para as naturezas mortas, representadas também na coleção permanente de pintura do Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo.

Lisboa, 26 de Março de 2023

  • O ARMÁRIO MÓVEL
  • BELÉN URIEL

  • Panóplias
    2023/03/30 - 2023/05/15

    Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, Évora
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