O Armário é um projecto independente que decorre em Lisboa no número 128 da Calçada da Estrela. Um dispositivo expositivo que teve a sua primeira edição em Junho de 2014, numa lógica de continuidade com o projeto que foi o seu antecessor, A Montra, que decorreu no mesmo edifício, entre 2013 e 2016. Sempre com curadoria de Benedita Pestana, foi nos últimos oito anos palco de mais de 40 intervenções por artistas de todas as predileções.

Desprovido da sua função utilitária, o Armário compõe-se e decompõe-se nas mãos dos artistas, apresentando-se como aquilo que é: um móvel em madeira, contando 2 metros de altura, 1,18 de largura e 0,35 de profundidade; constituído por duas portas em vidro, três prateleiras amovíveis e duas gavetas com puxadores em latão. Com um certo sabor duchampiano, o projecto assenta na lógica do site specific, convidando artistas para desenvolverem uma obra adaptada às suas circunstâncias e morfologia. As obras podem fechar-se atrás das portas de vidro do Armário, ou estenderem-se para o espaço exterior na sala onde ele se encontra. Ao artista dá-se livre arbítrio e a condição de não danificar o objecto.

Em 2022 e 2023, o projeto aventura-se fora de portas e assume inteiramente a sua natureza móvel num périplo que tem início em Coimbra, no átrio do Colégio das Artes, onde se apresentará com uma instalação da escritora, artista e ativista Gisela Casimiro. As paragens seguintes serão Almada, onde se apresentará com uma intervenção de Alexandre Estrela; o Porto, com trabalho de Inês Brites; Caldas da Rainha, com os Von Calhau; Évora, com Belén Uriel; regressando a Lisboa em Maio de 2023 com uma instalação de Luisa Cunha.